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Viajando bem e pagando pouco: Estrada Velha de Santos


Marisa Fonseca Diniz



Quem nunca ouviu falar sobre a histórica Estrada Velha de Santos com certeza irá gostar deste artigo, que traz um pouco da nostalgia dos tempos antigos, quando as pessoas seguiam pela Rodovia Caminho do Mar, SP-148, rumo às praias do litoral paulista.

A estrada foi fechada aos veículos em 1985, no entanto, ainda é possível desfrutar de suas belezas naturais e históricas fazendo passeios a pé ou um tour por meio da administradora do Polo Ecoturístico Caminhos do Mar.



A famosa Trilha dos Tupiniquins conhecida como Caminho de Paranapiacaba ou Piaçaguera  foi a mais antiga ligação feita entre a vila de São Paulo de Piratininga e o litoral no período colonial. Na época, a subida e descida da trilha era feita exclusivamente a pé pelos índios e mais tarde foi utilizada pelos portugueses.

A trilha iniciava-se na vila de São Vicente atravessava uma área alagada, conhecida hoje como Cubatão, e prosseguia pela Serra do Mar até o Rio Tamanduateí, que hoje é a cidade de Mauá, seguindo pelo Córrego Anhangabaú e chegando a Aldeia do Índio Tibiriçá, em Piratininga, atual Pátio do Colégio.

Em 1792, a trilha recebeu o nome de Calçada Lorena devido à adequação de um sistema de escoamento de águas pluviais para o escoamento da produção de açúcar advindo do interior do Estado de São Paulo em direção ao Porto de Santos, o transporte da mercadoria era feito por meio de tropeiros montados em mulas.

O traçado da estrada era de 11,5 km, o trajeto de serra era de 2,5 km e 9 km em planalto. A trilha era calçada com pedras, saibro e pedregulho para facilitar a viagem dos tropeiros.


Em 1846, o trecho do planalto passou a ser chamada de Estrada da Maioridade em homenagem a maioridade de Dom Pedro II, no entanto em 1864 este mesmo trecho recebeu diversas melhorias para a passagem de carros de boi, e passou a ser chamada de Estrada do Vergueiro. O transporte das mercadorias, principalmente o café, começou a partir do ano de 1867 a serem escoadas pela Ferrovia Santos – Jundiaí.

A partir de 1913, a estrada recebeu um novo calçamento feito em macadame e sete anos depois foi pavimentada em concreto, sendo a primeira estrada da América Latina a ter este tipo de pavimentação. Ainda em 1920, a estrada foi aberta para o tráfego de automóveis e recebeu no nome de Caminho do Mar.



No ano de 1922, o então governador de São Paulo, Washington Luis Pereira de Sousa, mandou construir alguns monumentos na estrada em decorrência às comemorações do centenário da Independência do Brasil, a saber:

Monumento do Pico



O monumento marca o início do trecho de serra da Calçada do Lorena e o mirante que vista o litoral santista.

Pouso de Paranapiacaba



Ponto de parada dos carros durante a viagem pelo Caminho do Mar fica no trecho de serra de Paranapiacaba, palavra indígena que significa local de onde se vê o mar. Acesse o link para conhecer um pouco mais da vila de Paranapiacaba e suas atrações atuais.

Belvedere ou Pouso Circular


O primeiro ponto de cruzamento da Calçada do Lorena com a estrada Caminho do Mar é o Belvedere Circular. O ponto de parada é o mirante da Serra do Mar.


Rancho da Maioridade


A casa de dois andares foi construída em 1920 com o objetivo de servir de parada aos viajantes, a obra possui painéis em azulejos pintados que ilustram a subida da serra por figuras políticas de destaque do século XIX. Do alto da parada se vê a baixada santista e o complexo industrial de Cubatão é possível também ver vestígios do pavimento antigo feito em macadame oriundos de 1913.

Padrão do Lorena


A obra é um memorial em meia-encosta composto por escadarias que conduzem até o pórtico, onde se encontra um medalhão pintado em azulejos que retratam o medalhão de Bernardo José Maria de Lorena (5º Conde de Sarzedas – fidalgo e administrador colonial português). Os painéis de azulejos ilustram cenas do século XVIII com tropeiros e mulas carregando mercadorias pela Calçada de Lorena.

Pontilhão da Raiz da Serra

Encontra-se no pé da serra marcando o início da subida, onde atualmente encontra-se a placa comemorativa referente à finalização da pavimentação em concreto do Caminho do Mar em 1925.

Cruzeiro Quinhentista


O monumento é uma homenagem à chegada dos portugueses ao litoral paulista e as primeiras vias de ligação entre o planalto paulista e o mar. No entanto, no ano de 1981, o cruzeiro foi retirado de seu local original devido à urbanização da área, sendo colocado em lugar de maior destaque, os painéis de azulejos retratam cenas da colonização e a catequese dos índios feito pelos padres jesuítas.

Casa de Visitas do Alto da Serra


A casa faz parte do complexo da Usina Henry Bonden e vale a pena visitar e conhecer um pouco mais da história da usina e de seu funcionamento.

Barragem do Reservatório do Rio das Pedras


O conjunto de tubos fincados no meio da Mata Atlântica  transportam água do reservatório do Rio das Pedras até a Usina Henry Borden, que foram construídos em 1925 e 1926.


Catedral da Usina Henry Borden


É possível visualizar no Caminho do Mar a famosa catedral da Usina Henry Borden, uma das mais antigas hidrelétricas do país localizada em Cubatão.


A Estrada de Santos ficou conhecida por todos os brasileiros em 1969, quando o cantor Roberto Carlos compôs a música As Curvas da Estrada de Santos, inspirada pelo ziguezague das mais de 180 curvas do local.


Artigo protegido pela Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. É PROIBIDO copiar, imprimir ou armazenar de qualquer modo o artigo aqui exposto, pois está registrado.

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O trabalho Viajando bem e pagando pouco: Estrada Velha de Santos de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://sevirandosemgrana.blogspot.com/2020/01/viajando-bem-e-pagando-pouco-estrada.html.

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